sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Os ombros suportam o mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossege
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
(Carlos Drummond de Andrade)

Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

(Carlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Viver com as diferênças

Percebo que nesse mundo cheio de diversidades e características próprias, a dualidade se mantém, muitas vezes com muita intensidade. Os pensamentos modernos e os retrógrados se encontram por toda esquina como se quisessem, por vontade própria, entrar em conflito, e isso me causa um incomodo a partir do momento que as pessoas não se preocupam em ser o que são, mas em ser o que é ditado pela sociedade antiquada e moralista, onde todos devem ser o que elas querem, como se todos fossem obrigados a seguir o que querem, apenas pelo motivo de elas acreditarem estar completamente certas.
Muito conhecida como "verdade absoluta", milhares de pessoas vivem a procura de descobrir e compreender tais verdades, contudo muitas vezes as opiniões se colidem e causam choques desastrosos, procuro entender por qual motivo tantas pessoas hajam como se fossem crianças pequenas, batendo o pé no chão e gritando para todos ouvirem que ela querem isso e pronto, muitas vezes essas crianças chegam ao ponto de serem agressivas e descontroladas, pela falta de limites e respeito, são capazes de ferir, ou coisa pior, outros, por isso tento entender a que ponto chegou a humanidade, que se diz tão evoluída e superior, mas em grande maioria haje como se fosse um animal sem a menor racionalidade. Eu não sou ninguém para afirmar a ignorância dos outros, posso talvez ser eu o ignorante, não sei, contudo pelo que vejo no mundo, que mesmo depois de tantas conquistas ainda sim continua a viver com racistas, homofóbicos, machistas e feministas e alienados que não compreendem que eles não deveriam fazer mais parte de nossa realidade, pois são incoerentes e rústicos, que acreditam na sujeição dos outros aos seus ínfimos agrados, querendo que um mundo projetado que seja perfeito, maravilhoso e cheio de fantasias e sonhos egoístas, sem compreender que ele não é assim, sempre existiram divergências e modos de ver as coisas, mas não pense que só pelo fato de você não achar certo lhe dá o direito de ser agressivo, intolerante, infame e cruel. Aprender que cada vez mais ser preconceituoso é viver sendo visto com maus olhos e que se você quiser ser mais um nesse mundo você será retrógrado, e se for lembrado, creio que não será com bons olhos, mas se você quiser ser lembrado você terá de aprender a respeitar o diferente pois todos somos, mesmo que não aceite, iguais por sermos seres humanos, mesmo com tantas características peculiares, somos semelhantes e muitas coisas.
Então eu pergunto, em algum momento de sua vida você se colocou no lugar do outro e imaginou como é se sentir rejeitado, desvalorizado e enojado? Não conheço ninguém mas acredito que sejam poucas as que sempre se colocam assim diante de tudo, ao invés de criticarem pelas diferenças tentar compreender como se sente, quem sofre essas criticas pejorativas e ridículas, muitas vezes. Alguém se da ao trabalho de pesquisar a fundo, com intensidade e com uma mente aberta para críticas e para uma possível realidade que pode ir de encontro com o que você pensa? Suponho que não, devido que mudar o que se pensa é muito difícil e angustiante, mas deveríamos assumir tal posição, milhões de pessoas vivem se baseando por conceitos retrógrados criados em tempos em que a humanidade era ainda mais ignorante, períodos onde negros eram objetos e índios animais, mulheres eram apenas objeto de reprodução e prazer, velhos eram um peso a carregar e crianças, servos de seus pais, em um período que bruxaria e candoblé eram magia negra e judeus uma raça miserável, pois bem, se você já se colocou em teste, tentou antes de criticar e se basear por medievais, esperimentar ou se é impossível, como a cor da pele que não se muda, pelo menos não com facilidade, então você pode até criticar pois não aceitou, mas se você fala pelo que os outros (que também nunca se deram ao trabalho de conhecer as coisas sem preconceito e intolerância) dizem ou por manuscritos antigos então vão em frente, contudo aguentem as consequências de seus atos, e estejam prontos para pedir perdão, pois isso não é vergonhoso, vergonha é saber que é pitoresco e retrógrado e não querer admitir por causa de orgulho besta e insensato.

sábado, 2 de outubro de 2010

Influência, auto controle e amor


Influenciar uma pessoa é dar-lhe a nossa própria alma. O indivíduo deixa de pensar com os seus próprios pensamentos ou de arder com as suas próprias paixões. As suas virtudes não lhe são naturais. Os seus pecados, se é que existe tal coisa, são tomados de empréstimo. Torna-se o eco de uma música alheia, o ator de um papel que não foi escrito para ele. O objectivo da vida é o desenvolvimento próprio, a total percepção da própria natureza, é para isso que cada um de nós vem ao mundo. Hoje em dia as pessoas têm medo de si próprias. Esqueceram o maior de todos os deveres, o dever para consigo mesmos. É verdade que são caridosas. Alimentam os esfomeados e vestem os pobres. Mas as suas próprias almas morrem de fome e estão nuas. A coragem desapareceu da nossa raça e se calhar nunca a tivemos realmente. O temor à sociedade, que é a base da moral, e o temor a Deus, que é o segredo da religião, são as duas coisas que nos governam.

(Oscar Wilde)

Olhe para a pessoa que lhe causa aborrecimento e tire proveito da oportunidade para controlar a própria ira e desenvolver a compaixão. Entretanto, se o aborrecimento for muito grande ou se você achar a pessoa tão desagradável que seja impossível agüentá-la, talvez seja melhor sair correndo!

(Dalai Lama)

Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...

(Clarice Lispector)

Depois de ler, leia ao contrário.

domingo, 5 de setembro de 2010

Pensamentos





"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música." (Frederich Nietzsche)








"A guerra, a princípio, é a esperança de que a gente vai se dar bem; em seguida, é a expectativa de que o outro vai se ferrar; depois, a satisfação de ver que o outro não se deu bem; e finalmente, a surpresa de ver que todo mundo se ferrou." (Karl Kraus)






"Nada é mais repugnante do que a maioria, pois ela compõe-se de uns poucos antecessores enérgicos; velhacos que se acomodam; de fracos, que se assimilam, e da massa que vai atrás de rastros, sem nem de longe saber o que quer." (Johann Goethe)



quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Aprendendo a viver (William Shakespeare)

Depois de algum tempo você aprende a diferença,
a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se,
e que companhia nem sempre significa segurança.
E começa a aprender que beijos não são contratos
e presentes não são promessas.
E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida
e olhos adiante, com a graça de um adulto e
não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje,
porque o terreno do amanhã é incerto demais para os
planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Depois de um tempo você aprende que o
sol queima se ficar exposto por muito tempo.
E aprende que não importa o quanto você se importe,
algumas pessoas simplesmente não se importam...
E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa,
ela vai feri-lo de vez em quando e você
precisa perdoá-la por isso.
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para se construir confiança
e apenas segundos para destrui-la, e que você
pode fazer coisas em um instante, das quais se
arrependerá pelo resto da vida.

Aprende que verdadeiras amizades continuam a
crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que você tem na vida,
mas quem você tem na vida.
E que bons amigos são a família
que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos que mudar de amigos
se compreendemos que os amigos mudam,
percebe que seu melhor amigo e você podem fazer
qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se
importa na vida são tomadas de você muito depressa,
por isso sempre devemos deixar as pessoas
que amamos com palavras amorosas,
pode ser a última vez que as vejamos.

Aprende que as circunstâncias e os ambientes
têm influência sobre nós, mas nós somos
responsáveis por nós mesmos.
Começa a aprender que não se deve comparar
com os outros, mas com o melhor que pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a
pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou,
mas onde está indo, mas se você não sabe
para onde está indo, qualquer lugar serve.
Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o
controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco
ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada
e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.

Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era
necessário fazer, enfrentando as conseqüências.
Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que algumas vezes a pessoa que você
espera que o chute quando você cai é uma das
poucas que o ajudam a levantar-se.
Aprende que maturidade tem mais a ver com
os tipos de experiência que se teve
e o que você aprendeu com elas
do que com quantos aniversários você celebrou.
Aprende que há mais dos seus pais
em você do que você supunha.
Aprende que nunca se deve dizer a uma
criança que sonhos são bobagens.
Poucas coisas são tão humilhantes e seria uma
tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva tem o direito de
estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel.
Descobre que só porque alguém não o ama do
jeito que você quer que ame, não significa que
esse alguém não o ama com tudo o que pode,
pois existem pessoas que nos amam, mas
simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser
perdoado por alguém, algumas vezes você tem
que aprender a perdoar-se a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga,
você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos
pedaços seu coração foi partido,
o mundo não pára para que você o conserte.

Aprende que o tempo não é
algo que possa voltar para trás.
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma,
ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar...
que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe
depois de pensar que não se pode mais.
Aprende que nossas dúvidas são traidoras
e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar,
se não fosse o medo de tentar.
E que realmente a vida tem valor e que
VOCÊ tem valor diante da vida!

Viver não dói (Carlos Drummont de Andrade)

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido
uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.

Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projeções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos, por todos os filhos que
gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.

Por todos os beijos cancelados,
pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante
e paga pouco, mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe
é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que
poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada
em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim
que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e
nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.